Vários encarregados de educação das Flores lançaram uma petição pública em que pedem ao Governo Regional dos Açores o cancelamento das aulas presenciais na ilha, por considerarem que “não estão reunidas as condições de segurança necessárias”.

O documento, que conta, à data de hoje, com mais de 450 assinaturas, demonstra o “descontentamento e a posição encarregados de educação e comunidade em geral da Ilha das Flores, relativamente à reabertura dos estabelecimentos escolares” naquela ilha, por considerarem que “não estão reunidas as condições de segurança necessárias à abertura dos estabelecimentos de ensino na Ilha das Flores, no que diz respeito nomeadamente ao distanciamento social”.

Este pedido, que foi remetido ao Governo Regional, chega de uma ilha onde não foram registados quaisquer casos de covid-19, e que se mantém fechada ao exterior, com a exceção da ligação marítima à vizinha ilha do Corvo, onde também não há casos positivos de infeção por coronavírus.

Para as duas ilhas do grupo ocidental, bem como para Santa Maria, as três ilhas do arquipélago onde o novo coronavírus não entrou, o executivo açoriano deliberou que se retomassem em 11 de maio “as aulas presenciais nos estabelecimentos do 3.º ciclo de ensino básico, bem como no secundário, sendo necessário o uso de máscara e a disponibilização de desinfetante para as mãos a toda a comunidade educativa”.

Já as creches, jardins de infância, centros de atividades de tempos livres e serviços de amas tiveram autorização para abrir na quarta-feira, 06 de maio, “sendo necessário o uso de máscaras pelos funcionários e a disponibilização, aos mesmos, de desinfetante de mãos”.

Os peticionários mencionam que a preocupação que existe para estabelecimentos públicos e comerciais, onde há restrição do número de pessoas que podem estar em simultâneo no espaço, não está a ser aplicada às escolas.

“Coloca-se a comunidade escolar aglomerada, partilhando espaços comuns ao mesmo tempo, em números que variam entre cerca de 20 na escola de Ponta Delgada, cerca de 90 na escola das Lajes, e umas poucas centenas na escola de Santa Cruz das Flores”, alertam.

São também “contra a obrigatoriedade de utilização de máscaras nas salas de aulas, quando não existem condições de garantir o distanciamento social nos espaços comuns”.

Este movimento lembra que “não é o retorno à escola que vai dinamizar a economia da ilha” e que “nem todos os alunos terão a garantia de segurança para si e para a sua família, assim como para os seus professores e restante comunidade escolar”.

Os encarregados de educação consideram ainda que “aliviar as medidas de segurança no que diz respeito ao afastamento social, apenas ao nível escolar, é estar a criar um nicho de cobaias, para num meio semi-controlado, se testar a imunidade coletiva”, algo que dizem ser “inconcebível numa comunidade que não regista qualquer caso positivo” de covid-19.

Assim, e apontando para “o investimento e empenho feito por toda a comunidade escolar no domínio das tecnologias de ensino à distância, que neste momento estão adquiridas e em pleno funcionamento”, pedem “o cancelamento da reabertura das escolas da ilha das Flores na modalidade de ensino presencial”.

Até ao momento, foram detetados nos Açores um total de 144 casos, verificando-se 71 recuperados, 15 óbitos e 58 casos positivos ativos para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, sendo 46 em São Miguel, dois na ilha Terceira, dois na Graciosa, dois em São Jorge, três no Pico e três no Faial.

Lusa/Rádio Faial | Foto: Direitos Reservados