O líder da bancada parlamentar do PS/Açores, Vasco Cordeiro, teceu hoje críticas ao novo executivo regional, dizendo que, “com menos de três semanas de existência”, já “diz uma coisa e faz o seu contrário”.
“Com menos de três semanas de existência, este XIII Governo Regional revela uma inquietante e preocupante dessintonia entre aquilo que proclama e aquilo que faz. Por muitas proclamações grandiloquentes que façam, a realidade começa, pouco a pouco, a revelar-se: este governo diz uma coisa e faz o seu contrário”, declarou o socialista, antigo presidente do Governo dos Açores entre 2012 e as eleições recentes no arquipélago.
Uma das medidas que revelam a alegada contradição do novo executivo, disse Cordeiro, é o “autoproclamado compromisso da desgovernamentalização”.
“Não só a própria composição do XIII Governo Regional nos trouxe o maior governo de sempre da história da autonomia, como a recente publicação da orgânica do mesmo governo nos traz, só aí, e entre outras novidades, qualquer coisa como seis novas e mimosas direções regionais”, disse.
Em causa está, acrescentou, um “crescimento de mais de um milhão de euros anual nas despesas com os ordenados de cargos de nomeação política”, a partir do que se sabe “por ter sido obrigatória a sua publicação”.
Para Vasco Cordeiro, o Programa do Governo “serve mal o propósito de disfarçar aquilo que é indisfarçável” e representa “uma desesperada tentativa de justificar a tomada do poder”.
“O governo, e os partidos que o suportam, tentaram transformar este debate na segunda volta das eleições legislativas regionais do passado dia 25 de outubro, procurando aqui a legitimidade que, com total liberdade, o povo açoriano expressivamente lhes recusou nas urnas”, advogou ainda.
Esta solução, concretizou, “precisa desesperadamente de esconder que, apesar de ter a força da soma dos mandatos parlamentares, não tem a força da legitimidade do voto dos açorianos”.
O socialista abordou ainda a situação da transportadora regional SATA e o “caso” do anúncio do secretário das Finanças de que a Comissão Europeia havia considerado ilegais aumentos de capital recentes, sendo que Bruxelas disse posteriormente à agência Lusa que tal processo ainda decorre e não tem data para terminar.
“O senhor secretário regional das Finanças mentiu ao parlamento dos Açores e mentiu ao povo açoriano. A irresponsabilidade e a leviandade demonstradas num assunto de tamanha importância estratégica para a nossa região, não auguram nada de bom. Com que cara, com que coerência o senhor secretário regional das Finanças se apresentará na próxima reunião com a Comissão Europeia sobre este assunto a defender a SATA e os Açores?”, interrogou o também líder do PS/Açores.
O PS perdeu em outubro a maioria absoluta que detinha nos Açores há 20 anos, elegendo 25 deputados.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com o Iniciativa Liberal (IL), somando assim o número suficiente de deputados para atingir uma maioria absoluta.
O Programa do Governo Regional está a ser discutido desde quarta-feira no parlamento açoriano e é votado ainda hoje.
Lusa/Rádio Faial | Foto: GPPS