O líder parlamentar do PS/Açores, Vasco Cordeiro, disse hoje que o Plano e Orçamento da região para 2021 “sacrificam a sustentabilidade do desenvolvimento futuro” do arquipélago para garantir a “sustentação política” do Governo Regional PSD/CDS-PP/PPM.

Falando da tribuna da Assembleia Legislativa dos Açores, a propósito da discussão do Plano e Orçamento para 2021, o anterior presidente do executivo regional considerou que aqueles documentos “sacrificam a sustentabilidade do desenvolvimento futuro da região à necessidade de sustentação política do Governo” Regional.

“O Governo confunde o interesse da região com a soma dos interesses dos partidos que o compõem, mais dos partidos que o suportam, mais de alguns interesses corporativos, a que se juntam vozes mais ou menos próximas, mais ou menos reivindicativas”, criticou.

Durante esta semana está a decorrer na Assembleia dos Açores, na cidade da Horta, a discussão do Orçamento e do Plano da região para este ano.

Na intervenção final, Vasco Cordeiro disse ser “cada vez mais evidente” a existência de uma atuação “concertada de criação” de cargos de nomeação política no executivo açoriano.

“Todos os dias os sinais avolumam-se, amontoam-se que a palavra de ordem parece ser ‘jobs for the boys’. E, receamos nós, a situação vai agravar-se ainda mais nos próximos tempos, depois de o Governo ter garantida a aprovação destes documentos”, afirmou o socialista.

Criticando a “postura” do Governo dos Açores ao longo do debate, Vasco Cordeiro salientou que o executivo “optou, consciente e deliberadamente, por não responder” às questões dos deputados, dando o exemplo da criação de tarifas a 60 euros para as viagens interilhas.

“Aquilo que o Governo não diz, aquilo que o Governo esconde, aquilo a que o Governo se recusou a responder, é quanto, para garantir essa tarifa de 60 euros, pagarão, através dos seus impostos, os açorianos que não viajam”, atirou.

Vasco Cordeiro disse ainda que numa “constrangedora inconsciência das oportunidades” ao dispor da região no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, o executivo “preferiu a pretensa, mas ilusória (…) cópia do que vinha de trás”.

“Ao invés da ousadia estratégica para o futuro da nossa região, o Governo Regional preferiu a comodidade imediata da tática simplista, na secreta, mas pouca disfarçada esperança que, assim, condicionaria o PS. É triste, sobretudo para os Açores”, afirmou Vasco Cordeiro, considerando que a realidade se “alterou radicalmente” no último ano.

Durante esta semana está a decorrer na Assembleia Regional, no Faial, a discussão do Plano e Orçamento dos Açores para 2021, que serão votados na sexta-feira.

Este são os primeiros Plano e Orçamento do Governo Regional liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.

O Governo dos Açores, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, é suportado no parlamento pelos partidos que integram o executivo e pela Iniciativa Liberal e pelo Chega.

José Manuel Bolieiro tomou posse como presidente do Governo dos Açores em novembro de 2020, terminando com um ciclo de 24 anos de governação do PS na região: de 1996 a 2012 sob a liderança de Carlos César; de 2012 a 2020 com Vasco Cordeiro na chefia do executivo.

Lusa/Rádio Faial | Foto: Direitos Reservados